AULA DE FILOSOFIA 3º BIMESTRE
ASSUNTO: IMPORTANCIA DE MAQUIAVEL
Diplomata e administrador experiente,
cético e realista, Maquiavel defende a constituição de um Estado forte e
aconselha o governante a preocupar-se em conservar o Estado, pois na política o
que vale é o resultado. Com Maquiavel surgiram os primeiros contornos da
doutrina da razão de Estado, segundo a qual a segurança do Estado tem tal
importância que, para garanti-la, o governante pode violar qualquer norma
jurídica, moral, política e econômica: “[...] aquela razão pela qual o
governante, em virtude da exigência de segurança do Estado, pode ser levado a
infringir tanto a moral corrente quanto as normas legais em nome da manutenção
da ordem interna e da segurança externa” (KRITSCH, 2001, p. 186-187).
Maquiavel é o primeiro defensor da autonomia da esfera política, sobretudo em
relação à moral e a religião, quer dizer, fora de qualquer preocupação de ordem
moral e teológica e foi o primeiro pensador a fazer distinção entre a moral
pública e a moral particular. “Maquiavel sustenta que a vida política tem
exigências próprias, particulares, que não podem subordinar aos imperativos,
pretensamente universais, tanto da moralidade cristã quanto do humanismo
estóico (Cícero e Sêneca)” (KRITSCH, 2001, p. 185). Não se trata de excluir ou
recusar de forma radical os valores da moral cristã, mas de considerar que não
se pode adotar princípios ou valores absolutos em qualquer época ou lugar e que
é preciso levar em consideração o contexto em que uma ação está sendo
realizada. No âmbito da política não há como estabelecer valores morais
absolutos, pois para alcançar os resultados almejados é preciso agir de acordo
com as circunstâncias. “Política e moral, portanto, pertencem a sistemas
éticos diferentes. Uma ética individual pode produzir santos. Mas não
produz a política [...] A ação política tem objetivos e condições de eficácia
que não se confundem com as condições da ação individual” (KRITSCH, 2001, p.
186 – grifo da autora).
Além disso, Maquiavel rejeita os sistemas utópicos, a
política normativa dos gregos e procura a verdade efetiva, ou seja, como os
homens agem de fato. A teoria do Estado e da sociedade era marcada
pelas especulações filosóficas, desde Platão e Aristóteles até
Dante, Thomas Morus e Erasmo de
Rotterdam. “Muitos já conceberam repúblicas e monarquias jamais vistas, e que
nunca existiram na realidade (...) Mas, como minha intenção é escrever o que
tenha utilidade para quem estiver interessado, pareceu-me mais apropriado
abordar a verdade efetiva das coisas, e não a imaginação” (MAQUIAVEL, 1972).
Maquiavel distancia-se também dos tratados sistemáticos da escolástica medieval
e propõe estudar a sociedade pela análise dos fatos, sem se perder em vãs
especulações. Ao observar a história dos fatos, o pensador florentino constata
que os homens sempre agiram pelas formas de violência e da corrupção e conclui
que o homem é por natureza capaz do mal e do erro. Às utopias opõe ele um
realismo antiutopista através do qual pretende desenvolver uma teoria voltada
para a ação eficaz e imediata. Um realismo político[1] ligado a um pessimismo
antropológico, e que conduzirá Maquiavel a esboçar um conceito de “virtude” do
príncipe para governar eficazmente o Estado.
PROFESSORMADALENA1@BLOGSPOT.COM.BR
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