quinta-feira, 7 de julho de 2016

SOCIOLOGIA - ASSUNTO: MOVIMENTOS SOCIAIS

Movimentos Sociais

            Os Movimentos sociais são as expressões da organização da sociedade civil. Agem de forma coletiva como resistência à exclusão e luta pela inclusão social. É nas ações destes que se apresentam as demandas sociais que determinada classe social enfrenta, se materializando em atividades de manifestações como ocupações e passeatas em ruas provocando uma mobilização social, despertando uma sensibilização na consciência dos demais indivíduos como diz Maria Glória Gohn: “ao realizar essas ações, projetam em seus participantes sentimentos de pertencimento social. Aqueles que eram excluídos passam a se sentir incluídos em algum tipo de ação de um grupo ativo” (2011, p. 336). Para André Frank e Marta Fuentes os Movimentos Sociais se baseiam “num sentimento de moralidade e (in)justiça e num poder social baseado na mobilização social contra as privações (exclusões) e pela sobrevivência e identidade” (1989, p. 19)[1]. É com uma vigorosa capacidade de mobilização que “[...] os sindicatos, as ONGs, e os diversos movimentos de luta conquistaram importantes direitos de cidadania ao longo da história brasileira” (LAMBERTUCCI, 2009, p. 82).
            É preciso fazer uma distinção entre movimentos sociais e protestos sociais. O simples fato de ir às ruas protestar contra a corrupção, por exemplo, não caracteriza um movimento social. Uma ação esporádica, ainda que mobilize um grande número de manifestantes, pode ter em seu coletivo representantes de movimentos sociais e populares mas não caracterizam um movimento social como tal. Tais protestos e mobilização podem ser frutos da articulação de atores de movimentos sociais, ONG’s, tanto quanto podem incluir cidadãos comuns que não estão necessariamente ligados a movimentos organizados como tais.

Alguns exemplos ilustram essa forma de organização, incluindo vários setores de participantes: a Marcha Nacional pela Reforma Agrária, de Goiânia a Brasília (maio de 2005), foi organizada por articulações de base como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Grito dos Excluídos e o próprio MST e por outras, transnacionais, como a Via Campesina. Também se realizaram articulações com universidades, comunidades, igrejas, através do encaminhamento de debates prévios à marcha. A Parada do Orgulho Gay tem aumentado expressivamente a cada ano, desde seu início em 1995 no Rio de Janeiro, fortalecendo-se através de redes nacionais, como a ABGLT, de grupos locais e simpatizantes. A Marcha da Reforma Urbana, em Brasília (outubro de 2005), resultou não só da articulação de organizações de base urbana (Sem Teto e outras), mas também de uma integração mais ampla com a Plataforma Brasileira de Ação Global contra a Pobreza. A Marcha Mundial das Mulheres tem sido integrada por organizações civis de todos os continentes (SCHERER-WARREN, 2006, p. 112).

            Para haver esses movimentos sociais os motivos são os mais diversos, em geral são frutos da insatisfação popular frente a má gestão dos líderes políticos então eleitos pelo povo, que reivindicam  ações efetivas para os quais foram eleitos, em áreas como SaúdeEducaçãoMeio Ambiente, habitação, entre outras demandas não atendidas, fomentando indignação no povo e levando este a realizar movimentos e manifestações populares.
            Maria Glória Gohn (2014) define as características de um movimento social: possui liderança, base, demanda, opositores e antagonistas, conflitos sociais, um projeto sociopolítico, entre outros. Ilse Scherer-Warren (2006) concorda com Maria Glória ao definir em sentido amplo os movimentos sociais em torno de uma identificação de sujeitos coletivos que possui adversários e opositores em torno de um projeto social. Veja-se por exemplo o Movimento Negro e Movimento Indígena, que une-se pela força de uma identidade étnica (negra ou índia) e combatem o adversário do colonialismo, racismo e expropriação, tendo como projeto de luta o reconhecimento de sua identidade, suas tradições, valores e até mesmo de manutenção de um território que vive sob constante ameaça de invasão (os quilombos no caso dos negros e a luta pela demarcação de terras indígenas)[2].
            Delson Ferreira (2003) define os movimentos sociais a partir das ações de grupos organizados que objetivam determinados fins, ou seja, os movimentos sociais se definem por uma ação coletiva de um grupo organizado e que objetiva alcançar mudanças sociais por meio da luta política, em função de valores ideológicos compartilhados questionando uma determinada realidade que se caracteriza por algo impeditivo da realização dos anseios de tal movimento.
            Com a luta dos movimentos sociais ampliou-se o leque de atores sociais e surgiram novas facetas à cidadania com ênfase na responsabilidade dos cidadãos na elaboração de Políticas Públicas, com espaços criados institucionalmente para esta parceria entre Estado e sociedade civil, como é o caso, por exemplo, dos conselhos gestores de políticas públicas[3]. “Novos e antigos atores sociais fixarão suas metas na conquista de espaços na sociedade política, especialmente nas parcerias que se abrem entre governo e sociedade civil organizada, por meio de Políticas Públicas” (GOHN, 2014, p. 58). E como afirma Antonio Lambertucci – então secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República na época do governo Lula: “[...] as contribuições dos movimentos e organizações sociais impactam as políticas públicas e são garantias de execução [...] Isto significa uma mudança na relação com a sociedade civil e um autêntico reconhecimento do papel das entidades” (2009, p. 72). Antonio Lambertucci chama atenção ainda para o fato de como tais organizações e movimentos sociais constituem espaços de participação em uma grande rede entre indivíduos sendo através destas redes que “[...] os atores sociais formam opinião, se expressam, fazem sua vontade ganhar poder coletivo e, assim, interferem nos destinos do país” (2009, p. 82).
            Além disso, em tempos de tecnologia e cibercultura vale ressaltar também como nossa época é marcada pela comunicação em massa das redes sociais na internet, levando a ocorrência de marchas pelas ruas onde os manifestantes se mobilizam através de redes sociais, como o Movimento #VemPraRua ocorrido no Brasil em 2013 e outras manifestações ocorridas em vários países da Europa e da África[4]. Manifestações, marchas e ocupações[5] que “[...] simbolizam uma nova forma de fazer política. Não a política partidária, oficial, mas a política no sentido dos gregos, do cidadão que se manifesta e discute na praça pública” (GOHN, 2014, p. 75). Estas novas formas de protestos com as novas TIC’s (Tecnologia de Informação e Comunicação) criaram o conceito de ciberativismo: uma forma de ativismo realizado através de tecnologias de informação e comunicação, principalmente através da internet. A utilização das informações por meio da Internet passou a ter maior visibilidade não só pelo baixo custo e eficácia na resposta a curto, médio e longo prazo pela comunidade virtual, como pela facilidade e velocidade com que as informações podem ir de um extremo a outro do planeta.
            Um exemplo claro disto é por meio da Comunidade Avaaz.org: o mundo em ação www.avaaz.org/po/index.php. Uma comunidade de mobilização on-line que encoraja as pessoas a criarem suas próprias campanhas e Petições Públicas que permite as pessoas iniciarem campanhas ao redor do mundo, usando o ciberespaço.


NOTA

Veja em nosso website a seção CiberDemocracia para aprofundar o debate sobre como a tecnologia tem influenciado hoje o Estado Democrático.
Você também pode encontrar em nosso website um artigo que fala sobre Os mecanismos de participação da sociedade no Congresso Nacional através da internet, que destaca, entre outras coisas, o uso a internet acessando as plataformas e-democracia e e-cidadania do Congresso Nacional (respectivamente da Câmara dos Deputados e do Senado Federal)


O que as marchas, manifestações, ocupações e protestos que ocorreram ao longo de 2011, 2012 e 2013 têm em comum: São articuladas via redes sociais, internet e celulares; são compostas por manifestantes que não tem necessariamente uma Ideologia Política (a adesão é a uma causa, ou mais de uma, e não à Ideologia de um grupo) e não pertencem a um grupo específico (político ou não) e por isso não tem ligação Política partidária (mesmo que entre seus manifestantes haja pessoas ligadas a algum grupo político); as manifestações ocorrem à margem não apenas de partidos mas também de sindicatos; os protestos têm grande visibilidade na mídia em função do grande número de contingente que consegue agrupar; a Democracia é um dos eixos articuladores das marchas, em seu sentido e exercício pleno; são espaços de aprendizagem que se produzem a partir de uma vivência e experiência, no sentido de uma educação não formal; contribuem para a construção de uma nova cultura política (GOHN, 2014, p. 74-76)

            Para Maria Glória Gohn a cibercultura tem alterado as formas de mobilização social de várias maneiras, tanto no que diz respeito a “ação coletiva de movimentos alterglobalização” (GOHN, 2014, p. 19) que também é impulsionada pelas novas formas de comunicação e informação, quanto altera a forma de comunicação entre jovens manifestantes afirmando, inclusive, que “saber se comunicar on-line ganha status de ferramenta principal para articular as ações coletivas” (GOHN, 2014, p. 17). O desenvolvimento da internet tem alterado não apenas a forma de articulação dos protestos e movimentos sociais, como a própria concepção da democracia. “A Internet não permite somente comunicar mais, melhor e mais rápido; ela alarga formidavelmente o espaço público e transforma a própria natureza da democracia” (CARDON, 2012, p. 01). Além disso, “dominar códigos das novas tecnologias e participar das redes sociais passou a fazer parte do perfil desse ativista” (GOHN, 2014, p. 60).

Marchas, manifestações e ocupações na atualidade são promovidas por coletivos organizados que estruturam, convocam/convidam e organizam-se on-line, por meio das redes sociais [...] A sensibilização inicial é uma causa, vista como um problema social, como a corrupção de políticos, a ganância de banqueiros, o preconceito contra gays etc. (GOHN, 2014, p. 21 – grifos da autora).

            A internet tem alterado a forma de articulação dos movimentos sociais e de protestos individuais ou mesmo coletivos, mas que não se caracterizam, necessariamente, como um movimento social, como é o caso da blogueira cubana Yoani Sanchez, responsável pela manutenção do blog Generacion Y e do site Wikileaks.org.
            Yoani Sánchez é conhecida por seus artigos e críticas à situação social em Cuba do governo de Fidel Castro usando como um dos instrumentos de suas críticas o seu Blog. Há algumas controvérsias em torno da blogueira dependendo do ponto de vista com que se analisa a questão. Para alguns, Yoani é uma defensora da liberdade de expressão em um governo ditatorial, autoritário e repressivo. Para outros, ela não seria mais do que uma aliada dos E.U.A, suspeita de ligações com supostos agentes estrangeiros infiltrados em Cuba e com a CIA que o seu blog tem servido apenas para ataques contra o regime cubano. Qualquer que seja o caso, o fato é que a jornalista utiliza amplamente a rede mundial da internet para expor suas análises e críticas ao regime cubano, entre outras análises políticas e sociais.
            Já o Wikileaks.org pode ser considerado como uma organização transnacional sem fins lucrativos que publica, em seu website, postagens de fontes anônimas, documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos que podem ser considerados até mesmo de segredo e segurança nacional.
            Ao longo do ano de 2010, WikiLeaks publicou grandes quantidades de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos, com forte repercussão mundial. A publicação de um vídeo de um ataque aéreo em Bagdá é uma das mais notáveis publicações do site. Seu fundador, Julian Assange, publicou livros como “Cypherpunks – Liberdade e o futuro da Internet”, onde acusa governos de usarem a internet com objetivos de manutenção do poder político e econômico das nações e “Wikileaks – A guerra de Julian Assange contra os segredos de Estado”.
            Em todos estes casos,

[…] as novas mídias sociais, operadas on-line, com destaque para a mediação da internet, estão mudando a forma das pessoas se relacionarem, abrindo acesso a fontes de conhecimento e a formas de construir a Democracia, mas também fornecem todos os elementos para a construção de novas formas de Controle Social (GOHN, 2014, p. 50).



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SOCIOLOGIA - ASSUNTO: IDEOLOGIA

Ideologia

Uma abordagem conceitual

            Não existe uma única definição do termo ideologia. O conceito de ideologia pode assumir formas variadas, seja como um sistema de crenças políticas ou visão de mundo de um determinado grupo social, seja como as ideias da classe dominante que propagam um falseamento da realidade ou até mesmo um conjunto sistemático de ideias políticas que lida com teorias que assumem a forma de envolvimento e comprometimento político. Este termo também pode estar associado a ações políticas, econômicas e sociais e é comumente tomada por sentido de mascaramento da realidade social. “O primeiro problema enfrentado por qualquer discussão sobre a natureza da ideologia é que não existe uma definição estabelecida ou acordada para o termo [...] Conforme disse David McLellan (1995), ‘ideologia é o conceito mais impreciso das ciências sociais’” (HEYWOOD, 2010, p. 18). 
            Deste modo sentimos a necessidade de aprofundarmos o sentido da palavra para compreendermos suas significações em meio aos sujeitos sociais que utilizam com mais frequência essa terminologia e inclusive proceder a uma análise dos Partidos Políticos. Que como se sabe possuem em suas bases a ideologia política, pois cada partido possui visões diversificadas da realidade social e visa à transformação da sociedade de acordo com seus ideais e concepções de mundo, pelo menos teoricamente falando.
            Diante dos aportes teóricos estudados o termo ideologia tem em seu bojo diferentes interpretações de pensadores que a concebem mediante a realidade em que se inserem. Em muitos dos seus diversos sentidos se percebe a definição do termo relacionada ao sentido negativo, associada ao despojamento de crenças.
            Essa percepção se dá pelo motivo da palavra estar presente em inúmeros discursos, muitos deles inflamados relacionados a campanhas eleitorais de candidatos a algum cargo político. A descrença parte do entendimento de que a ideologia tem o caráter mascarador, e preserva o “status quo, ou seja, a permanência de um estado ao qual não há interferência da classe dos desapropriados dos meios de produção, ou seja, dos trabalhadores.  Isso se dá para que a classe dominante continue no poder, na direção da sociedade.
            Esse sentido de mascarar a realidade (notadamente um conceito marxista), apresentando apenas a aparência e escondendo a essência é um dos sentidos atribuído à ideologia.  Nesse aspecto a ideologia é entendida como uma ferramenta de controle social. O sentido negativo de Ideologia, de mascaramento e falseamento do real, surgiu sem dúvida com os textos de Marx, e que Engels mais tarde chamou de “falsa consciência”. Nessa concepção a classe dominante distorce a forma de ver as relações de opressão, não se reconhecendo como opressor e desejando fazer com que a classe dominada se conforme com as condições de vida existentes. A ideologia da classe dominante oculta também as contradições em que o capitalismo se baseia, escondendo do proletariado sua própria exploração.

As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, a força intelectual dominante. A classe que tem os meios de produção material à sua disposição tem, ao mesmo tempo, controle sobre os meios de produção mental, de modo que, em geral, as ideias daqueles que carecem dos meios de produção mental estão sujeitos a ela (MARX; ENGELS apud HEYWOOD, 2010, p. 19).

            As visões ideológicas de mundo buscam manter ou transformar o sistema social, econômico, político e cultural existente relacionada a um indivíduo, grupo, ou regime. Em se tratando da política partidária percebe-se que os cidadãos encontram-se muitas vezes descrentes que haja de fato uma mudança no sistema societário que possa vir a contemplar a satisfação de suas necessidades sociais, amenizando ou erradicando as refrações da questão social.
            Assim os cidadãos intuitivamente associam discursos e ideais de Partidos Políticos a alguns integrantes políticos que não possui o compromisso com a sociedade e sim com seus próprios interesses. São aqueles políticos que fazem a chamada politicagem.
            Percebe-se também que os discursos e promessas feitas por candidatos levam esperança a população, levam a acreditarem em mudanças no modelo de sociedade que vivemos esse modelo desigual e espoliativo ao qual estamos inseridos. Nesse contexto se tem como exemplo o caso das eleições partidárias no Brasil, onde através do voto direto, se elege representantes integrante de partidos políticos para que este(s) possa(m) promover ações contemplativas por meio das Políticas Públicas para a qualidade de vida dos eleitores em geral para a população brasileira.
            Porém já é comum acontecer casos de que políticos ao chegarem ao poder, ou seja, na direção da sociedade, deixarem de cumprir com promessas feitas em época de campanhas eleitorais, e dificilmente continuam leais às ideias que norteavam seus discursos de igualdade, justiça e equidade.
Mas o conceito de ideologia também possui um sentido positivo e não apenas o sentido de mascaramento do real tão presente no pensamento marxista. De acordo com Bobbio

A ideologia no sentido positivo designa o “genus, ou espécie” diversamente definida dos sistemas de crenças políticas: um conjunto de ideias e de valores respeitantes à ordem pública e tendo como função orientar os comportamentos políticos coletivos (1995, p. 52).

            Ou seja, entende-se que em cada cultura, e em cada sociedade “complexa” ou menos “complexa” há a presença da ideologia em suas bases. Ela possui um papel fundamental: o de nortear, orientar as tomadas de decisões sociais, econômicas, culturais.
            Como visão de mundo a ideologia pode desempenhar um papel de sustentação da estrutura de poder dominante retratando-a como justa, correta e natural ou desafiar estas mesmas estruturas, destacar suas injustiças e apontar para a necessidade de mudanças das estruturas de poder. A ideologia como visão de mundo, aos nos fornecer “um conjunto de suposições e pressupostos sobre como a sociedade funciona e deveria funcionar, elas acabam estruturando nosso pensamento e o modo como agimos” (HEYWOOD, 2010, p. 28). Neste caso pode haver tantas ideologias quantos forem os princípios vistos pelos indivíduos como necessários para organizar a ordem social e política de uma sociedade.
            Também as Ideologia Política contém uma determinada visão de como deve ser organizada a sociedade e qual deve ser a relação entre a sociedade e Estado, o que está permeado pelos mais variados valores, crenças e princípios e vícios. Tais ideologias estão sempre ligadas a grupos sociais, movimentos e partidos políticos, e cada proposta e projetos possuem um ideal. O campo das ideologias políticas é amplo e propício a debates, questionamentos, ideais, atuações e ações. Nesse campo como indica Sell (2006) há um intenso desenvolvimento de atividades. Atividades que podem ser desenvolvidas por diversos sujeitos sociais que possui determinados valores e princípios que nortearão tais ações. Quando essas ações e ideais são compartilhados por outros cidadãos, grupos ou organizações sociais, voltada para a ação prática na sociedade, estes valores e princípios são chamados de “Ideologia Política” e dessa forma podemos dizer que a ideologia está presente no cotidiano das pessoas, muitas vezes de forma implícita ou explícita.
            Seguindo a mesma linha de raciocínio Andrew Heywood (2010) afirma que todos nós pensamos politicamente. Tendo consciência ou não, as pessoas usam ideias e conceitos políticos sempre que expressam opiniões. Assim percebemos em nosso cotidiano a presença de inúmeros termos que são carregados de significância histórica e ideológica. Dentre as palavras mais usadas está: “liberdade”, “igualdade”, “justiça” e “direitos”. Assim como o uso das palavras: “conservador”, liberal”, “socialista”, “comunista” e “fascista”. Onde se utiliza para descrever o próprio ponto de vista seus ideais e valores de acordo com a concepção de cada cidadão e sociedade. E procurando relacionar o conceito de ideologia envolvendo pensamento a ação, teoria e prática política, Heywood define ideologia de modo que ela possa ter como características: a) uma “explicação da ordem vigente” associada a uma “visão de mundo”; b) ter implícito a ideia de uma “sociedade ideal”, “desejável”; c) explicar como chegar a este modelo, como promover a mudança (2010,p. 25).
            Vemos assim como não é fácil definir com precisão o que é “ideologia”. Sell (2006) reafirma a concepção que a palavra “ideologia” tem o significado relativo, ou seja, vai variar de acordo com a acepção de cada autor. Ele também sinaliza que seu conceito é comumente usado em ciências sociais e que é uma tarefa difícil que envolve diálogo com as mais diversas correntes teóricas até porque para definir o que é “ideologia” necessita-se de um estudo aprofundado das mais variadas correntes. Assim como o pensamento de Slavoj Zizek.

 “Ideologia” pode designar qualquer coisa, desde uma atitude contemplativa que desconhece sua dependência em relação á realidade social, até um conjunto de crenças voltado para a ação; desde o meio essencial em que os indivíduos vivenciam suas relações com uma estrutura social até as ideias falsas que legitimam um poder político dominante (1996, p.9).

            Neste sentido Zizek deixa claro que a ideologia para muitos autores pode ter diversos significado e que pode ter sentidos diferentes de acordo com o contexto histórico-político social.

Sentido Histórico

            Recorrendo ao sentido histórico do termo “ideologia”, buscamos seu conceito mediante os aportes de  Andre Heywood e Marilena Chauí, segundo os quais este conceito surge na época da Revolução Francesa e é utilizada pela primeira fez por Destutt de Tracy, seja em público ou em sua obra Eléments d`Ideologie (Elementos de Ideologia), utilizando termo no sentido de uma “ciência das ideias” ou “ciência da gênese das ideias “tratando-as como fenômenos naturais que exprimem a relação do corpo humano, enquanto organismo vivo, com o meio ambiente” (CHAUÍ, 1991, p. 23), acreditando ser possível descobrir a origem das ideias “com um entusiasmo racionalista típico do iluminismo” (HEYWOOD, 2010, p. 19). Nesta obra Destutt de Tracy, juntamente com o médico Cabanis, De Gérando e Volney, acreditava ser possível elaborar “uma teoria sobre as faculdades sensíveis, responsáveis pela formação de todas as nossas ideias: querer (vontade), julgar (razão), sentir (percepção), e recordar (memória)” (CHAUÍ, 1991, p. 23) e sugerindo que a ideologia seria reconhecida como a rainha das ciências, “uma vez que todas as formas de investigação se baseiam em ideias” (HEYWOOD, 2010, p. 19).
            Os teóricos franceses segundo a história eram antiteólogicos, antimonárquicos e antimetafísicos, e também pertenciam ao partido liberal e esperavam que o progresso das ciências experimentais, baseadas exclusivamente na observação, na análise e síntese dos dados observados, pudesse levar a uma nova pedagogia e a uma nova moral. Eles também foram partidários de Napoleão, eram integrantes de um grupo e apoiaram o golpe do 18 Brumário.  Julgavam que Napoleão era um liberal continuador dos ideais da Revolução Francesa. Assim,

 O sentido pejorativo dos termos “ideologia” e “ideólogos” vieram de uma declaração de Napoleão que, num discurso ao conselho de Estado em 1812, declarou: “Todas as desgraças que afligem a França devem ser atribuídas à ideologia” (CHAUÍ, 1991, p, 23).

            Esse sentido negativo disseminou-se pelo mundo e ganhou muitos adeptos, teóricos que após estudo do termo em suas determinadas épocas perceberam como, por que, para quê e por quem essas palavras eram propagadas.



            Nas contribuições de Karl Marx este termo conserva o significado napoleônico, ou seja, o ideólogo vem a ser considerado aquele que inverte as relações entre as ideias e o real.  Para Marx o sentido negativo atribuído à ideologia significa um conjunto de falsas representações que tem como objetivo primordial difundir os interesses das classes dominantes.  Difunde uma “falsa consciência”, apresenta apenas a aparência dos fenômenos sociais omitindo assim a sua real forma.
            Chauí (1991) cita a ideologia Alemã, como exemplo, onde Karl Marx expõe de modo muito breve a passagem das formas de propriedade ou da divisão social do trabalho na sociedade, cujas transformações constituem o solo real da história real.
            É a partir dessas considerações que podemos entender como para Marx e Engels a ideologia surge no instante em que a divisão social do trabalho separa trabalho material ou manual de trabalho intelectual.  Karl Marx é inflexível ao afirmar que as ideologias são justamente as ideias que as classes proprietárias dos meios de produção difundem para legitimar e perpetuar sua dominação. Ou seja, ideologia é uma ferramenta de alienação. Que os proprietários se utilizam para conter ou controlar seus subordinados de forma pacífica.
            Na tradição marxista é costume se pensar o conceito de ideologia em duas interpretações bem difundidas: a instrumentalista e a sistêmica, onde para a primeira visão têm-se as ideologias como visões de mundo e representações da realidade elaboradas para legitimar a classe dominante e mascarar os reais fundamentos da sociedade. Mascarar a verdadeira estrutura ao qual a sociedade se assenta.
            Nessa visão negativa e fatalista do termo, Marx faz uma crítica após a análise da sociedade e o modo de produção, e verifica um dos pontos cruciais e mantenedor desse estado de passividade do proletariado, que é a não consciência de classe. Assim nessas concepções a ideologia tem com objetivo apaziguar, naturalizar e alienar a consciência dos trabalhadores. 
            Na visão sistêmica a ideologia é entendida como “ilusão socialmente necessária”. O que vem a ser fruto do próprio sistema social que não aparece de forma transparente aos olhos dos atores sociais. Em consenso entende-se que a ideologia é necessária para a concepção de construção ou transformação societal, e que cada cidadão possui uma ideologia, um ideal perante a sociedade, ao qual vive.
            Posteriormente o conceito de ideologia perdeu esse caráter meramente negativo a passou a tomar outros significados. Com Lênin a ideologia começou a ser atribuída não só à classe dominante, mas a todas as classes, significando as ideias características de determinada classe social e, nesse caso, é possível falar de um “ideologia socialista” ou “ideologia marxista”. No século XX o sociólogo alemão Karl Mannheim descreveu as ideologias “como sistemas de pensamentos que servem para defender determinada ordem social e que expressam em sentido amplo os interesses de seu grupo dominante ou governante” (apud HEYWOOD, 2010, p. 22).
            Atualmente a palavra “ideologia” adquiriu uma definição bem mais ampla, não sendo nem boa nem má, nem verdadeira nem falsa, nem libertária nem opressora, mas podendo assumir qualquer uma dessas características é tem sido bastante pronunciada, principalmente por grupos sociais, Partidos Políticos, indivíduos e organizações sociais inseridos direta ou indiretamente na política.  


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SOCIOLOGIA - ASSUNTO: CLASSES SOCIAIS

SOCIOLOGIA

ASSUNTO: CLASSES SOCIAIS

          Classe social significa um grupo de indivíduos com características em comum do ponto de vista econômico, comportamental e de representação ideológica do mundo que o rodeia. Para Marx, uma classe social é definida por sua forma de relacionar-se com os meios de produção e pela maneira que se obtém sua renda. Assim, a partir de sua posição teórica, existem dentro do capitalismo duas classes sociais antagônicas em interesses: a burguesia, que apresenta a propriedade dos meios de produção; e o proletariado, classe oprimida que se vê obrigada a vender sua força de trabalho à burguesia para sobreviver. Do ponto de vista marxista, este antagonismo terminaria com a vitória do proletariado e daria lugar (após o período de apropriação do estado) a uma sociedade sem classes sociais.
        Weber, por sua vez, afasta estas considerações, especialmente ao deixar de lado qualquer determinação necessária a uma classe social. Para este autor, uma classe social se define por uma posição objetiva de mercado e não é consciente de qualquer tipo de unidade. Assim, o importante para definir uma classe social, são suas possibilidades de acesso a bens e serviços; esta é apenas uma maneira de explicar a organização social, podendo existir outras. Weber reconhece licitações e conflitos de interesses dentro de uma base social, mas sob nenhum ponto de vista os considera como determinantes para constituir uma classe.

        Estas abordagens têm sido as mais visíveis e relevantes, dando importância para uma sucessão de debates e reflexões. No entanto, é possível encontrar grandes classificações de uma classe social, como também inúmeras interpretações do que significa pertencer a uma ou outra. Isto se explica, sem dúvidas, pelas próprias conquistas da sociologia como ciência que carece de exatidão. 

LEIAM E ASSISTAM VÍDEOS RELACIONADOS AO ASSUNTO PARA DISCUTIR EM SALA DE AULA.

A PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS É MUITO IMPORTANT

INTERNET nas salas de aula.

Consideramos muito importante a utilização das novas tecnologias nas salas de aula e não nos laboratórios.

domingo, 3 de julho de 2016

BEM VINDOS AO BLOG DO PROF JEFFERSON

Bem vindos ao nosso blog que tem como objetivo dar suporte pedagógico aos alunos da Escola Municipal Maria Madalena, de Baixa do Meio - Guamaré -RN, oferecendo oportunidade de rever os conteúdos bem como de aprimorar os conhecimentos assistindo tele aulas e documentários sobre os assuntos discutidos em sala de aula. 
Contamos com a colaboração de todos no sentido de engrandecer essa iniciativa participando ativamente nas discussões. 

Obrigado,
Professor Jefferson